O ano de 2022 está prestes a terminar e neste âmbito cabe-me fazer um breve resumo do que foi feito, dos obstáculos que foram ultrapassados e do que ainda está para chegar.
Foi um ano pautado por uma trilogia: Covid-19; Guerra Rússia/Ucrânia; Inflação.
Ao nível do recrutamento assistimos a uma dificuldade imensa em recrutar transversalmente todos os tipos de perfis, desde indiferenciados a altamente qualificados. A rotatividade nas empresas tem vindo gradualmente a aumentar, gerando assim aumento da necessidade de recrutamento.
Esta dificuldade prende-se com a saída de mão-de-obra portuguesa para o exterior, com possibilidade de trabalhar 100% remotamente para empresas estrangeiras com uma capacidade económica muito superior a Portugal para pagar salários, além de um nível de exigência dos candidatos muito superior ao que existia em pré-Covid. Os candidatos procuram trabalhos com forte componente de teletrabalho, com salários muito elevados, com benefícios salariais mais atrativos e fundamentalmente o ‘life balance’, mais falado do que nunca. O período Covid e respetivo confinamento veio «alertar» as famílias para esta necessidade, fez com que existisse uma introspeção visando a análise do que de facto é importante para cada um. Houve uma necessidade de colocar tudo em causa, uma fuga da cidade, uma busca de melhores condições de vida mantendo o vínculo contratual com as empresas da cidade.
As empresas têm vindo a reinventar-se e a identificar mecanismos de retenção, visando contrair a tendência de saída de colaboradores internos, passando não só por aumentos salariais extraordinários mas também pela majoração de regalias internas e implementação de regras para teletrabalho. Efetivamente, o teletrabalho veio para ficar, obviamente nas funções em que tal é possível, não a 100% mas em regime híbrido. As empresas multinacionais já enraizaram esta tendência, contudo ainda se verifica que as empresas portuguesas continuam a construir a sua gestão na base presencial, o que de alguma forma as faz perder terreno em termos de recrutamento quando comparadas com as multinacionais. Claro que esta situação não se aplicará a todas as empresas multinacionais e portuguesas, mas considero que é a tendência atual.
Com a dificuldade de identificar rapidamente perfis adequados, as empresas recorrem a identidades externas especializadas, como é o caso da Intelac, visando a satisfação das suas necessidades num curto espaço de tempo. Verifica-se que atualmente estão a trabalhar duas e três empresas de recrutamento ou até mais para o mesmo objetivo, fazendo com que os candidatos sejam literalmente «bombardeados» com abordagens de ofertas de emprego de forma massiva, levando a uma seleção por parte dos mesmos cada vez mais criteriosa. Esta situação leva de alguma forma a uma inversão de posições, ou seja, não é o candidato que procura mas sim a empresa que o aborda diretamente, fazendo a proposta mais atrativa possível de forma a identificar o ‘match’ perfeito.
Em suma, 2022 foi um ano de viragem, de mudança de estilos de trabalho, de organização do trabalho, um ano que seguramente ficará para a história… Nada mais voltará a ser igual.
in Revista Human, Novembro/Dezembro 2022
Célia Agostinho
RH Commercial Manager